Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 238-1 | ||||
Resumo:A microbiota vaginal dominada por Lactobacillus spp. e outras bactérias
aeróbicas desempenha um papel crucial na defesa do canal vaginal, formando uma
barreira contra agentes patogênicos, através da produção de ácido láctico e H2O2. Além disso, certos lactobacillus como L. crispatus e L. gasseri controlam o crescimento excessivo de patógenos, modulam a inflamação sistêmica e afetam processos celulares como proliferação e apoptose. Estudos têm explorado as possíveis aplicações dos lactobacillus na prevenção e tratamento de disbioses presentes no trato urogenital, buscando uma ação análoga aos probióticos intestinais. O objetivo desse trabalho foi determinar a viabilidade da incorporação de L. casei no creme base “Lanette” desenvolvendo um produto destinado ao canal vaginal. Os experimentos realizados utilizaram creme “Lanette”, juntamente com cápsulas de L. casei contendo concentração de 1 bilhão de unidades formadoras de colônias (UFC). A proporção utilizada foi de 9g de creme para 1 cápsula de L. casei. O creme inoculado foi armazenado em diferentes temperaturas (4°C, 25°C e 37°C) e analisado ao longo de 4 semanas. A viabilidade da cultura foi avaliada medindo a área de crescimento em placas de Petri contendo meio MRS, a 37°C, por 24-36 horas. As imagens foram processadas pelo software SketchAndCalc para calcular a área de ocupação das colônias em relação à placa, em porcentagem. Após 7 dias armazenado a 4°C, houve um aumento de 20% na área total de crescimento. Isso indica que o microrganismo não apenas manteve sua viabilidade, também apresentou crescimento, utilizando os componentes do creme como nutriente. Entre a 1° e a 4° semana, a área de crescimento diminuiu, porém, a viabilidade inicial foi mantida. Na temperatura de 25°C, a viabilidade de L. casei apresentou crescimento regular de 20% em sua área após 7 dias de incubação e diminuição nas semanas seguintes. No entanto, o declínio foi mais lento em comparação com a temperatura de 4°C (na terceira semana, a área de crescimento era 10% maior nos experimentos a 25°C em relação a 4°C). Os resultados indicam que o creme inoculado com L. casei pode ser armazenado por até 4 semanas tanto em temperatura ambiente (até 25°C) quanto em refrigeradores. Por outro lado, os experimentos apontaram que em temperaturas próximas a 37°C a eficácia pode ser comprometida. No entanto, em relação à temperatura corporal, os resultados sugerem que não haveria perda.
Palavras-chave: prebiotic, microbiota, Lanette cream, dysbiosis |